A ausência de indústrias e o comércio incipiente no século XVIII forçavam as pessoas a criar seus próprios instrumentos de trabalho e definir as vestimentas de uso cotidiano. Por muitas décadas, o couro de boi e trajes rudimentares cobriram o corpo de homens e mulheres que tinham vindo ocupar o território do Brasil meridional. Nesse cenário, os teares manuais tiveram papel preponderante, pois o equipamento era de fabricação relativamente fácil e a matéria-prima era obtida nas matas, com oferta generosa.
Santa Catarina tem um setor têxtil pujante, mas o primeiro passo foi a produção de tecidos grossos para vestir escravos e trabalhadores livres e para ensacar o açúcar e o café – este, um item essencial na pauta local de exportações até meados do século XX. Em 1755, ainda com o processo da imigração açoriana em curso, operavam 266 teares no estado, com a produção de cerca de 40 mil metros de tecidos de linho e algodão. Era o fruto de um sistema artesanal de manufatura que gerava mantas, tapetes e roupas rústicas e resistentes ao frio da região e à dureza das lides no campo.
A produção de tecidos em larga escala pela indústria, no mundo inteiro, arrefeceu a atividade artesanal, mas não teve força para extingui-la. No presente, artesãos ainda produzem peças utilitárias ou artísticas, ajudando a reconhecer e fortalecer a identidade da cultura regional. Muitos teares também utilizam como matéria-prima as sobras das malharias de grande porte, às vezes com a supervisão de instituições públicas que qualificam artífices para atender às necessidades dos consumidores atuais.
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Texto: Paulo Clóvis Schmitz
Fotos: Guto Ambar