por Paulo Clóvis Schmitz
A caça à baleia já foi uma atividade rentável, que envolvia uma mão de obra volumosa no litoral de Santa Catarina. A primeira armação baleeira foi construída em 1742 na localidade de Nossa Senhora da Piedade, hoje município de Governador Celso Ramos, na Grande Florianópolis. Depois disso, e até o final do século XVIII, vieram as unidades de beneficiamento da carne e do óleo de baleia na praia da Armação, no sul da ilha de Santa Catarina; em Itapocorói, entre as cidades de Penha e Piçarras, no norte do estado; na ilha da Graça, em São Francisco do Sul, também no litoral norte, e de Garopaba e Imbituba, estas no sul catarinense.
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O produto mais nobre da baleia era o óleo, destinado à iluminação pública (uso que se manteve constante até meados do século XIX), à lubrificação e à fabricação da argamassa utilizada na edificação de igrejas e fortalezas, ainda hoje em pé por toda a região.
As baleias-francas tinham uma camada de gordura particularmente espessa e por isso eram as mais perseguidas. A caça obedecia a um ritual cumprido por grupos de homens embarcados em baleeiras, barcos de grande mobilidade e impulsionados a remo e vela. Um arpão rudimentar de ferro batido com farpas e uma haste de madeira, preso à borda por um cabo, feria o animal, que resistia até cansar e ser atacado por uma lança que o sangrava até a morte.
A pesca da baleia não foi trazida ao Brasil meridional pelos açorianos, porque a atividade se desenvolveu no hemisfério norte depois da emigração, quando os americanos passaram a usar o óleo para iluminar suas cidades em expansão, no século XIX. A matança foi proibida e hoje o que ocorre é a observação de baleias como opção de turismo ecológico de cunho preservacionista.