A embarcação mais nobre do litoral catarinense é a canoa baleeira, utilizada até o final do século XIX na caça à baleia e, depois, na atividade dos pescadores artesanais para o cerco a cardumes em áreas protegidas e em mar aberto. Rústica, a baleeira tem o casco arredondado e uma aerodinâmica diferenciada que lhe confere uma agilidade que outras embarcações não têm. A baleeira é inspirada em barcos americanos e ingleses que desenvolveram a indústria do óleo de baleia no hemisfério norte, a partir do século XIX.
Os construtores de baleeiras foram rareando até não subsistir praticamente nenhum nos municípios litorâneos. É uma arte que não tem escola: o ofício era passado de pai para filho ou aprendido por empenho individual dos construtores. Além da queda nos estoques de pescado, pesou para o fim da atividade a proibição da derrubada de árvores como a canela, a peroba, o cedro e a araucária, que forneciam a matéria-prima para os mestres artesãos.
Em 2022, a prefeitura de Florianópolis sancionou a lei que criou o Dia Municipal da Baleeira (18 de novembro), em homenagem ao dia de nascimento de Alécio Heidenreich (1929-2022), tradicional construtor que legou cerca de 80 baleeiras para a posteridade.
A região também usa muito as canoas bordadas, herança dos indígenas, os botes e as canoas de um pau só. Estas, ainda fabricadas manualmente, são de troncos de garapuvu caídos nas matas e se prestam à pesca em lagoas e baías de mar calmo.
Texto: Paulo Clóvis Schmitz
Fotos: Guto Ambar