A fabricação de farinha de mandioca foi uma atividade importante no litoral catarinense e deu à região a fama de exportar um produto diferenciado, de qualidade, mais refinado que o de outros estados da federação. Era um trabalho artesanal que se associava ou complementava a atividade pesqueira e a agricultura de subsistência. Apenas a cidade de Florianópolis manteve, no território da ilha onde se localiza, mais de 400 engenhos, mas um levantamento realizado em 2019 apontou que apenas 18 permaneciam ativos.
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A redução da área rural de 80% para 5% na ilha de Santa Catarina, as exigências legais e ambientais e a concorrência com produtores em maior escala abalaram a atividade de fabricação da farinha de mandioca, hoje desenvolvida por poucas famílias que fazem questão de se manter na produção, por respeito à tradição dos pais e avós e para ajudar a preservar um costume tradicional. Mulheres ainda raspam a mandioca e a vizinhança vem ajudar quando chega a época da farinhada.
A operação nos engenhos de farinha, originalmente de teto rústico e piso de chão batido, envolve o forno a lenha, o cevador e a prensa. A Farinhada, festa realizada todos os anos no bairro de Santo Antônio de Lisboa, difunde a prática em um evento mesclado com atividades culturais. A produção de farinha de mandioca foi tombada em 2022 como patrimônio imaterial de Florianópolis.
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Os engenhos de produção de açúcar e aguardente, uma tradição ibérica que veio para o sul do Brasil com os açorianos, sempre foram menos numerosos do que os de farinha, mas resistem em alguns pontos do litoral de Santa Catarina.
Texto: Paulo Clóvis Schmitz
Fotos: Guto Ambar