domingo, fevereiro 9, 2025
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Engenhos de mandioca e cana-de-açucar em Florianópolis

A fabricação de farinha de mandioca foi uma atividade importante no litoral catarinense e deu à região a fama de exportar um produto diferenciado, de qualidade, mais refinado que o de outros estados da federação. Era um trabalho artesanal que se associava ou complementava a atividade pesqueira e a agricultura de subsistência. Apenas a cidade de Florianópolis manteve, no território da ilha onde se localiza, mais de 400 engenhos, mas um levantamento realizado em 2019 apontou que apenas 18 permaneciam ativos.

Obra de Neri Andrade

A redução da área rural de 80% para 5% na ilha de Santa Catarina, as exigências legais e ambientais e a concorrência com produtores em maior escala abalaram a atividade de fabricação da farinha de mandioca, hoje desenvolvida por poucas famílias que fazem questão de se manter na produção, por respeito à tradição dos pais e avós e para ajudar a preservar um costume tradicional. Mulheres ainda raspam a mandioca e a vizinhança vem ajudar quando chega a época da farinhada.

A operação nos engenhos de farinha, originalmente de teto rústico e piso de chão batido, envolve o forno a lenha, o cevador e a prensa. A Farinhada, festa realizada todos os anos no bairro de Santo Antônio de Lisboa, difunde a prática em um evento mesclado com atividades culturais. A produção de farinha de mandioca foi tombada em 2022 como patrimônio imaterial de Florianópolis.

Os engenhos de produção de açúcar e aguardente, uma tradição ibérica que veio para o sul do Brasil com os açorianos, sempre foram menos numerosos do que os de farinha, mas resistem em alguns pontos do litoral de Santa Catarina.

Texto: Paulo Clóvis Schmitz

Fotos: Guto Ambar